terça-feira, 26 de julho de 2011

Como o cristão enfrenta o sofrimento.

INTRODUÇÃO

A vida é a professora mais implacável: primeiro dá a prova, e depois a lição. C. S. Lewis disse que “Deus sussurra em nossos prazeres e grita em nossas dores”.
Como foi que Paulo enfrentou o sofrimento em sua vida? Ao falar sobre esse assunto, ele não foi um teórico, mas pôde dizer: “Eu trago no corpo as marcas de Cristo”.
Paulo foi perseguido em Damasco, rejeitado em Jerusalém, esquecido em Tarso, apedrejado em Listra, açoitado em Filipos, escorraçado de Tessalônica e Beréia, chamado de tagarela em Atenas, impostor em Corinto. Paulo foi enfrentou feras em Éfeso, foi preso em Jerusalém, acusado em Cesaréia. Enfrentou um naufrágio na viagem para Roma, foi picado por uma cobra em Malta e preso e degolado na cidade dos césares. Paulo passou frio e fome. Foi açoitado com varas e enfrentou perigos em rios, desertos e mares.
Paulo experimentou alegria no sofrimento: alegria apesar dos problemas (At 20.24); alegria apesar dos difamadores (2Tm 4.16); alegria apesar da morte (Fp 1.21). Em 2Co 4.16-18, ele diz que as coisas espirituais estão acima das materiais; o futuro é melhor do que o presente; e o eterno mais importante do que o temporal.
No texto lido Paulo fala sobre um sofrimento que muito atormentou: o espinho na carne. Tudo nos faz crer que esse espinho na carne era um problema físico de deficiência visual. Paulo aprendeu não apenas a sobreviver às circunstâncias adversas, mas ainda a gloriar-se nelas e sair delas vitorioso.
Há um grande contraste entre estas duas experiências de Paulo. Ele foi do paraíso à dor, da glória ao sofrimento. Ele experimentou a bênção de Deus no céu e bofetada de Satanás na terra. Paulo tinha ido ao céu, mas agora, aprendeu que o céu pode vir até ele.
Vejamos alguns pontos importantes destacados por Charles Stanley em seu livro Como lidar com o sofrimento?
I. Há um propósito divino em cada sofrimento (12.7)
• Há um propósito divino no sofrimento. No começo desta carta, Paulo diz no verso 3 que o nosso sofrimento e a nossa consolação são instrumentos usados por Deus para abençoar outras vidas. Na escola da vida Deus está nos preparando para sermos consoladores.
• Jó morreu sem jamais saber porque sofreu. Paulo rogou ao Senhor três vezes, antes de receber a resposta. O que Paulo aprendeu e que precisamos aprender é que quando Deus não remove “o espinho”, é porque tem uma razão. Deus não permite que soframos só por sofrer. Sempre há um propósito.
II. É possível que Deus resolva revelar-nos o propósito de nosso sofrimento – (12.7)
• No caso de Paulo, Deus decidiu revelar-lhe a razão de ser do “espinho”: evitar que o apóstolo ficasse orgulhoso. Quando Paulo orou nem perguntou por que estava sofrendo, apenas pediu a remoção do sofrimento.
• Não é raro Deus revelar as razões do sofrimento. Ele revelou a Moisés a razão porque não lhe seria permitido entrar na Terra Prometida. Disse a Josué porque ele e seu exército haviam sido derrotados em Ai.
• O nosso sofrimento tem por finalidade nos humilhar, nos aperfeiçoar, nos burilar e nos usar.
III. Deus nunca nos repreende se perguntarmos por que, ou se pedirmos que ele remova o sofrimento (12.8,9)
• Não há evidência de que Deus tenha repreendido Paulo pelo fato dele ter-lhe pedido que removesse o espinho. Deus entende nossa fraqueza. Ele espera que clamemos quando estivermos passando por sofrimento. Ele nos mandar lançar sobre ele toda a nossa ansiedade.
• Jó ergueu ao céu 16 vezes a pergunta: Por que? Ele levantou sua queixa 34 vezes. Ele espremeu sua ferida. Ele gritou com toda a força da sua alma.
• Jesus no Getsêmani pediu a remoção da sua dor: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39).
IV. O sofrimento pode ser um dom de Deus – (12.7)
• Temos a tendência de pensar que o sofrimento é algo que Deus faz contra nós e não por nós. Jacó disse: “Tendes-me privado de filhos; José já não existe, Simeão não está aqui, e ides levar a Benjamim! Todas estas cousas em sobrevêm” (Gn 42.36).
• O espinho de Paulo era uma dádiva, porque através desse incômodo, Deus protegeu Paulo daquilo que ele mais temia – ser desqualificado espiritualmente (1Co 9.27). Ele sabia que o orgulho destrói. Viu-o como algo que Deus fez a seu favor e não contra ele.
V. Satanás pode ser o agente do sofrimento – (12.7)
• Espere um pouco: é Satanás ou Deus quem está por trás do espinho na carne de Paulo? Como é que um mensageiro de Satanás pode cooperar para o bem de um servo de Deus? Parece uma contradição total. A inferência é que Deus usa os mensageiros de Satanás, na vida dos seus servos.
• Segundo o livro de Jó aprendemos sobre a soberania de Deus, de que até mesmo os esquemas satânicos podem ser usados em nosso benefício e no avanço do reino de Deus. O diabo intentou contra Jó, mas Deus o transformou em bênção para ele para milhões.
VI. Deus nos conforta em nossas adversidades – (12.9)
• A resposta que Deus deu a Paulo não era a que ele esperava nem a que ele queria, mas era a que ele precisava. Deus respondeu a Paulo que ele não o havia abandonado. Não sofria sozinho. Deus estava no controle da sua vida e operava nele com eficácia.
• Precisamos compreender que Deus está conosco. Que ele está no controle. Que ele é soberano, bom e fiel. Jó entendeu isso: “Eu sei que tudo podes e ninguém pode frustrar os teus desígnios”.
VII. A graça de Deus é suficiente nas horas de sofrimento – (12.9)
• Deus não deu a Paulo o que ele pediu, deu-lhe algo melhor, melhor que a própria vida, a sua graça. A graça de Deus é melhor que a vida; por ela enfrentamos o sofrimento vitoriosamente.
• O que é graça? É a provisão de Deus para cada uma das nossas necessidades. É o que Deus nos dá quando não merecemos. É suficiente graça, graça maior do que o nosso pecar. “Maravilhosa graça, maior que o meu pecar”.
• Se a graça de Deus foi suficiente para um homem que deixou família, amigos, a fim de plantar igrejas em ambientes hostis, que sofreu naufrágios, foi aprisionado, apedrejado, tenho plena certeza de que a graça divina é mais do que suficiente para qualquer dificuldade que eu venha a enfrentar.
VIII. Pode ser que Deus decida que é melhor não remover o sofrimento – (12.9)
• De todos, esse é o princípio mais difícil. Quantas vezes nós já pensamos e falamos: “Senhor por que estou sofrendo? Por que desse jeito? Por que até agora? Por que o Senhor ainda agiu?”
• Joni Eareckson ficou tetraplégica e numa cadeira de rodas dá testemunho de Jesus.
• Fanny Crosby ficou cega com 42 dias e morreu aos 92 anos sem jamais perder a doçura. Escreveu mais de 4 mil hinos.
• Dietrich Bonhoeffer foi enforcado no dia 9 de abril de 1945 numa prisão nazista.
• Se Deus não remover o sofrimento, ele nos assistirá em nossa fraqueza, nos consolará com sua graça e nos assistirá com seu poder.
IX. Nossa alegria não se baseia na natureza de nossas circunstâncias – (12.10)
• O que determina a vida de um indivíduo não é que lhe acontece, mas como reage. Não é o que as pessoas lhe fazem, mas como ele reage. Há pessoas que são infelizes tendo tudo; há outras que são felizes nada tendo. A felicidade não está fora de nós, mas dentro de nós.
• Há pessoas que pensam que a felicidade está nas coisas: casa, carro, trabalho, renda. Mas Paulo era feliz mesmo passando por toda sorte de adversidades. Ler 2 Coríntios 11.24-27). Mesmo passando por todas essas lutas, é capaz de afirmar:
Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte (2Co 12.10).
O mesmo Paulo comenta na sua carta aos Filipenses:
“Não estou dizendo isso, porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito ou passando necessidade” (Fp 4.10,11).
X. A chave para crescermos nos sofrimentos é vê-los em função do amor de Cristo – (12.10)
• Paulo não se considerava prisioneiro de César, mas de Cristo. Ele sofria por amor a Cristo. Sua razão de viver era glorificar a Cristo.
• O que importava era agradar a Cristo, servir a Cristo, tornar Cristo conhecido. Jim Elliot, o missionário mártir entre os astecas disse: “Não é tolo perder o que não se reter, para ganhar o que não se pode perder”.
• Deus pode usar até o nosso sofrimento para sua glória. Paulo diz aos filipenses que as coisas que lhe aconteceram contribuíram para o progresso do evangelho: as lutas; a igreja estimulada, os santos na casa de César; as cartas.
CONCLUSÃO
Este nos ensina algumas lições práticas:
1) Deus é sábio para equilibrar em nossa vida fardos e bênçãos, sofrimento e glória;
2) Nem toda enfermidade é causada pelo pecado;
3) Há uma coisa pior do que a enfermidade, que é o pecado; e o pior de todos os pecados é a soberba;
4) Aflições físicas não necessariamente são impedimentos para fazermos a obra de Deus;
5) Nós podemos sempre descansar na Palavra de Deus.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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Glauce Lopes

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