Estou ensaiando há quase um mês para escrever sobre esse assunto. Eu li a Bíblia, pesquisei e consultei a tradição judaica. Quero agradecer aqui a todos os meus amigos que colaboraram nas discussões bíblicas. Vou sintetizar conforme compreendi com ajuda do Espírito Santo.
Inicialmente, achei interessante uma observação feita por Helio de M. Silva, ao tratar de soteriologia (doutrina da salvação) e argumentar sobre a imperdibilidade da salvação, ele diferencia a existência de dois livros, sendo um livro da vida eterna e um livro da vida física.
Para Hélio, está claro apenas que o Salmo 69:28 se refere ao livro da vida física, onde diz “Sejam riscados do Livro dos Vivos e não tenham registro com os justos”. Claramente se refere à pessoa morrer. É incerto afirmar sobre qual livro Êxodo 32:32-33, Salmo 69:28 e Daniel 12:1 se referem, cabendo interpretações tautológicas. Já as menções do Novo Testamento, se referem todas ao livro da vida eterna (Filipenses 4:3; Apocalipse 3:5; 13:8; 17:8; 20:12; 20:15; 21:27; 22:19).
Estaria no Novo Testamento o sentido dos cristãos ao professarem a fé em Jesus Cristo pedirem que seus nomes sejam inscritos no livro da vida. Contudo, se o livro foi escrito desde a Criação do Mundo, tal pedido ficaria sem sentido. Por isso, a explicação judaica é interessante para compreender essa oração tão repetida nas comunidades religiosas cristãs.
Para a tradição judaica, o livro da vida não é um livro em si. É uma referência à memória do Eterno. A vida é dada por Ele e a Ele pertence, podendo o Eterno se lembrar ou não se lembrar mais daquela pessoa, ou seja, riscar seu nome do livro pode ser entendido como uma referência ao Eterno se esquecer daquela pessoa ou tirar-lhe a vida.
Os judeus ortodoxos consideram o Yom Kippur (Dia do Perdão) o dia no qual Deus sela o “livro da vida”, por isso trocam saudações e felicitações que incluem a bênção de “Guemar Chatimah tovah”, que quer dizer “Que sejas inscrito” no livro da vida. É uma petição para que o Eterno se lembre deles como seu povo.
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